Recomeçamos hoje a publicação de pequenas reflexões sobre inovação, com um texto do Jorge F. Gomes.

Quando se fala de inovação, discutem-se dois modos de iniciar o processo, conhecidos em inglês como innovation push e innovation pull.
O primeiro é associado ao efeito da inovação tecnológica, com novas ideias e conceitos, e tem origem na Investigação & Desenvolvimento. O segundo diz respeito às necessidades do mercado e dos consumidores, que convidam à inovação, e deriva do Marketing.
A distinção serve para compreender a inovação existente durante a pandemia, que é sobretudo do tipo innovation pull.
Com efeito, em alguns setores a atividade inovadora tem sido extraordinária, como seja na indústria farmacêutica.
Outras indústrias, como o turismo e a restauração, tentam reinventar-se, face às tremendas adversidades vividas.
E outras ainda, como a hotelaria, poderão nunca mais ser as mesmas. Mas alguns fenómenos não se enquadram inteiramente na dicotomia.
O foco do push e do pull é o mesmo: criar ou responder às necessidades de consumidores ou clientes.
Todavia, onde classificar inovação com um foco distinto, como seja a dirigida a sociedades e ao ambiente?
O ambiente enquanto entidade abstrata não tem meios para pagar ou retribuir o investimento da inovação que vá ao encontro das suas necessidades. E qualquer organização pensará duas vezes antes de desenvolver tecnologia que crie necessidades relativamente aos quais seja o ambiente a pagar ou retribuir.
Ora parece cada vez mais óbvio que sem inovação nos planos social e ambiental, a sustentabilidade do atual modelo de progresso económico pode estar em causa.
Em última análise, esta terceira via pode muito bem tornar-se a única capaz de resolver os problemas que se acumulam e agravam com o passar dos anos.
Mas ela deve provavelmente começar por um quarto tipo de inovação: na forma de pensar e de estar na sociedade e no planeta.